quarta-feira, 28 de abril de 2010

Tempo


Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha? Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar. Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim. Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida; E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus.

Eclesiastes 3.1-13

terça-feira, 20 de abril de 2010

Carta de Diogneto - cerca do ano 120 d.C

O Cristianismo surgia como uma das maiores inovações criadas na Humanidade. Revolucionava os valores conhecidos, particularmente aquele da Fraternidade ou Solidariedade de relacionamento entre os seres humanos.
Considerada a "jóia da literatura cristã primitiva", a Carta de Diogneto foi escrita cerca do ano 120 d.C. Trata-se do testemunho escrito por um cristão anônimo respondendo à indagação de Diogneto, pagão culto, desejoso de conhecer melhor a nova religião que se espalhava com tanta rapidez pelas províncias do Império Romano.
Impressionado pela maneira como os cristãos desprezavam os deuses pagãos e testemunhavam o Amor que tinham uns para com os outros, queria saber: que Deus era aquele em que confiavam e que gênero de culto lhe prestavam; de onde vinha aquela raça nova e por que razões apareceram na história tão tarde.
Apresentamos aqui apenas um pequeno trecho.


CARTA A DIOGNETO
Exórdio
1. Excelentíssimo Diogneto, vejo que te interessas em aprender a religião dos cristãos e que, muito sábia e cuidadosamente, te informaste sobre eles: Qual é esse Deus no qual confiam e como o veneram, para que todos eles desdenhem o mundo, desprezem a morte, e não considerem os deuses que os gregos reconhecem, nem observem a crença dos judeus; que tipo de amor é esse que eles têm uns para com os outros; e, finalmente, por que essa nova estirpe ou gênero de vida apareceu agora e não antes. Aprovo esse teu desejo e peço a Deus, o qual preside tanto o nosso falar como o nosso ouvir, que me conceda dizer de tal modo que, ao escutar, te tornes melhor; e assim, ao escutares, não se arrependa aquele que falou.
[...]

Os cristãos não se distinguem dos demais homens, nem pela terra, nem pela língua, nem pelos costumes. Nem, em parte alguma, habitam cidades peculiares, nem usam alguma língua distinta, nem vivem uma vida de natureza singular. Nem uma doutrina desta natureza deve a sua descoberta à invenção ou conjectura de homens de espírito irrequieto, nem defendem, como alguns, uma doutrina humana. Habitando cidades Gregas e Bárbaras, conforme coube em sorte a cada um, e seguindo os usos e costumes das regiões, no vestuário, no regime alimentar e no resto da vida, revelam unanimemente uma maravilhosa e paradoxal constituição no seu regime de vida político-social. Habitam pátrias próprias, mas como peregrinos: participam de tudo, como cidadãos, e tudo sofrem como estrangeiros. Toda a terra estrangeira é para eles uma pátria e toda a pátria uma terra estrangeira. Casam como todos e geram filhos, mas não abandonam à violência os recém-nascidos. Servem-se da mesma mesa, mas não do mesmo leito. Encontram-se na carne, mas não vivem segundo a carne. Moram na terra e são regidos pelo céu. Obedecem às leis estabelecidas e superam as leis com as próprias vidas. Amam todos e por todos são perseguidos. Não são reconhecidos, mas são condenados à morte; são condenados à morte e ganham a vida. São pobres, mas enriquecem muita gente; de tudo carecem, mas em tudo abundam. São desonrados, e nas desonras são glorificados; injuriados, são também justificados. Insultados, bendizem; ultrajados, prestam as devidas honras. Fazendo o bem, são punidos como maus; fustigados, alegram-se, como se recebessem a vida. São hostilizados pelos Judeus como estrangeiros; são perseguidos pelos Gregos, e os que os odeiam não sabem dizer a causa do ódio. Numa palavra, o que a alma é no corpo, isso são os cristãos no mundo. A alma está em todos os membros do corpo e os cristãos em todas as cidades do mundo. A alma habita no corpo, não é, contudo, do corpo; também os cristãos, se habitam no mundo, não são do mundo. A alma invisível vela no corpo visível; Também os cristãos sabe-se que estão neste mundo, mas a sua religião permanece invisível. A carne odeia a alma, e, apesar de não a ter ofendido em nada, faz-lhe guerra, só porque se lhe opõe a que se entregue aos prazeres; da mesma forma, o mundo odeia os cristãos que não lhe fazem nenhum mal, porque se opõem aos seus prazeres. A alma ama a carne, que a odeia, e os seus membros; Também os cristãos amam os que os odeiam. A alma está encerrada no corpo, é todavia ela que sustém o corpo; Também os cristãos se encontram retidos no mundo como em cárcere, mas são eles que sustêm o mundo. A alma imortal habita numa tenda mortal; Também os cristãos habitam em tendas mortais, esperando a incorrupção nos céus. Provada pela fome e pela sede, a alma vai-se melhorando; também os cristãos, fustigados dia-a-dia, mais se vão multiplicando. Deus pô-los numa tal situação, que lhes não é permitido evadir-se.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dois ou três

Quantas vezes você foi a um culto ou celebração e não sentiu a presença de Deus naquele lugar? Quantas vezes você participou de um pequeno grupo e nada lhe foi acrescentado? Já perdi as contas de quantas vezes voltei para casa frustrado com as programações de nossas instituições, no qual parece que Deus “nem deu as caras”, ou que Ele estava de folga ou qualquer coisa do tipo. O fato é que cada vez mais gente está sentindo isso e o motivo principal desse sentimento é a falta de observância de um princípio básico de nossa fé: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, lá estarei...” [Mt 18.20]

Jesus, muito provavelmente, não se equivocou quando disse “dois ou três”, apesar de haver uma legião de pessoas que querem nos convencer que, “na realidade”, Jesus queria dizer “onde dois ou mais...”. Essa interpretação é tão comum que a maioria das pessoas cita esse versículo como “dois ou mais” sendo que o que Ele disse foi outra coisa, confira em sua bíblia.

Muitas vezes as celebrações e até mesmo os pequenos grupos são áridos por conta da impessoalidade ocorrida pelo número excessivo de pessoas nesses ajuntamentos. O que está faltando nessas reuniões são encontros mais intimistas, onde possamos por em prática o “amar ao próximo como a nós mesmos”. O que Jesus está nos ensinando nesse versículo é que, inevitavelmente, onde dois ou três estiverem reunidos em seu nome, lá Ele também estará.

Estar reunido em nome de Jesus não é simplesmente um ato formal ou algo simbólico. Estar reunido em nome de Jesus quer dizer estar destituído de todas as nossas máscaras e carapuças, pois Ele sabe todas as coisas a nosso respeito e o desejo Dele é que sejamos um com Ele e o Pai, e também, que sejamos um entre nós mesmos [Jo 17]. Portanto, estar reunido em nome de Jesus implica estarmos vestidos com aquilo que somos verdadeiramente, ou seja, com nossos pecados, medos, problemas, alegrias, sonhos e projetos... Estar reunido nessas condições pressupõe experimentar os mandamentos recíprocos (amar uns aos outros, perdoar..., suportar..., orar..., etc.). É abrir o livro de nossas vidas para pessoas intimamente ligadas a nós, para que sejamos exortados, amados, honrados e festejados pelos amigos.

Não se enganem, pois somente em um grupo menor, de duas ou três pessoas comprometidas com a Verdade, você verá sempre a presença de Jesus. Isso não quer dizer que Jesus não esteja presente em ajuntamentos maiores, porque muitas vezes Ele está e eu já presenciei isso, mas o que quero dizer é que Jesus prometeu que onde dois ou três estiverem reunidos, lá Ele também estará.

Talvez, para nós, seja mais conveniente ficarmos no anonimato de um grupo maior, sem a intromissão do outro, sem termos que nos envolver em problema alheio, mas essa atitude fatalmente nos levará a poucos encontros com o nosso grande Amigo e a um paulatino esfriamento de nossa fé.

Cada vez mais o mundo percebe a nossa divisão, nossa total falta de unidade, isto implica dizer que estamos fazendo o contrário àquilo que é a vontade do Pai, e, em minha humilde opinião, o âmago desse problema está em nossa insistência em não vivermos em unidade.

A solução é simples: basta aumentarmos a freqüência com que nos reunirmos em grupos de duas ou três pessoas em nome de Jesus. E então, como ocorreu na igreja primitiva, as pessoas olharão para nós com simpatia e o Senhor (e não nós) nos acrescentará aqueles que vão ser salvos [At 2.47].