sábado, 7 de novembro de 2009

Os limites do homem

O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor dos céus e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. Ele não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas. De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar. Deus fez isso para que os homens o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo embora não esteja longe de cada um nós. 'Pois nele vivemos, nos movemos e existimos', como disseram alguns dos poetas de vocês: 'Também somos descendência dele'.

Atos 17.24-28

O reino da delicadeza


Um desconforto vem me acompanhando há bastante tempo. A dificuldade com que muitos recebem a proposta de uma religião radicada no amor e não no medo, na liberdade e não no patrulhamento moral, na maioridade e não na infantilização.

Ouço de tudo. Aquele que acredita que para algumas pessoas uma espiritualidade baseada na consciência e responsabilidade, frutos livres de uma relação de amor e não de constrangimento, é perigosa, quando não, pouco producente para os engajamentos religiosos. Há pessoas, afirmam com um pragmatismo encabulado, que precisam de regras, coerção e cobrança. Precisam de uma religião legalista. Caso contrário, não conseguem vencer seus vícios e pecados.

Outros desconfiam da liberdade. Pregar um Deus que ama em completa independência do desempenho humano é muito arriscado. Deus também é justiça! A Graça de Deus tem que ter limite. Se a pessoa não tiver medo do inferno, vai fazer tudo o que der na cabeça. Se não souber que existe uma punição divina para os seus deslizes, vai se tornar alguém imoral... Leia mais

sábado, 17 de outubro de 2009

A culpa

Um dos sentimentos que mais causam danos ao cristão é a culpa. Muitos de nós vivem atormentados por ela. Vivem sob esse enorme fardo e quase que inconcientemente propagam essa verdadeira praga aos novos convertidos e assim ela vai se perpetuando, reinando imponente na vida eclesial. A culpa é nociva porque gera dois outros problemas: a autocondenção e a autopiedade.

A autocondenção nos leva ao autojulgamento, fazendo com que nos acusemos por termos caído novamente em pecado e ficamos nesse ciclo vicioso nos condenando, nos martirizando e achando que Deus não vai nos perdoar. Outro sentimento que nos persegue quando estamos nesse estado é que nos achamos indignos de nos relacionarmos com Deus, ai não oramos mais, não lemos a Palavra, temos vergonha de ir a igreja, dentre outras coisas.

A autocondenação faz com que nos sintamos inseguros em relação aos designios de Deus, e para compensar essa instabilidade buscamos a autojustificação. Procuramos de forma insandecida o seguimento das Leis de Deus, participamos de todas as campanhas de oração, de construção do templo, de ajuda aos necessitados, de visitação aos doentes... Em minha opinião, isso é espiritismo evagélico. Acabamos invalidando a cruz de Cristo, como diria Paulo.

Aqueles que seguem o Nazareno precisam entender que, a morte de Cristo na cruz conquistou para nós o perdão de todos os nossos pecados, sejam eles presentes, passados ou futuros. Cabe a nós simplesmente reconhermos nossas faltas e agradecer o perdão já concedido e procurar não percar mais, mas se pecarmos, devemos levantar e continuar peregrinando, pois assim será até chegarmos em nossa verdadeira Casa.

Cristo nos chamou para a liberdade, ou seja, para vivermos livres das amarras da Lei, pois em Cristo não há seguimento de leis frias e caducas, mas a vivência livre no Espírito que nos convence e nos consola quanto às nossas limitações, bastando-nos viver amando a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos. Vivendo deste modo, caminhamos rumo à perfeição. Por meio da imperfeição humana, percebemos claramente nossas limitações e o quanto precisamos Daquele que nos criou e nos colocamos em nosso lugar de criaturas, de crianças dependentes e que necessitam aprender muitas coisas.

A culpa nos leva ao nada. A Graça nos leva ao céu pela peregrinação humana no cotidiano de encontros e desencontros, vitórias e derrotas, sonhos e desilusões... e assim vamos nos aperfeiçaondo, sem culpa, até a chagada do grande Dia.

sábado, 10 de outubro de 2009

Guidom (Crombie)

Às vezes nos sentimos na contra-mão do mundo e de nossas próprias vontades. A verdedade sobre isso está no fato de que, como diz Paulo há um combate entre a carne e o Espírito, precisamos confiar Naquele que nos guia... e viver despretenciosamente... aproveite essa sonoridade....

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

As construções humanas e a divina desconstrução

Assistimos, hoje, à bagatelização de um movimento que já foi caro: o evangelicalismo. Ser evangélico, hoje, é ser confundido com o fundamentalismo religioso que legitimou a barbárie norte-americana no Iraque. Ser evangélico, hoje, é ser associado ao enriquecimento com o uso da religião. Ser evangélico, hoje, é participar do que há de mais sofisticado no mercadejamento da fé.

O evangelicalismo brasileiro tem mais a marca de politiqueiros inescrupulosos que de santos e devotos. A cor e o som do movimento evangélico são tão artificiais quanto o que transmitem os comunicadores da televisão, cheios de cacoetes ensaiados e jargões vazios. No meio de tudo isso há um remanescente. Há "sete mil que não dobraram os joelhos" [1Rs 19.18]. Porém nem estes nem o passado heróico do evangelicalismo justificam insistência alguma com um movimento que precisa morrer.

A pulverização dos ideais cristãos no movimento evangélicopode ser uma nova kenosis (se esvaziar) de Deus. Quem sabe Deus não esteja babelizando nossa construção evangélica para nos livrar da perpetuação do mal? Quem sabe essa confusão evangélica, em que não mais conseguimos nos identificar, não seja o esvaziamento que nos devolverá ao caminho do amor?

Precisamos renovar nosso olhar para o Cristo de Deus, prestar atenção no despojamento divino em fazer-se gente e acolher a morte redentora. Se Deus se esvaziou sendo Deus, como recusar o esvaziamento de nossas instituições, pretensas divindades? Se quem é escolheu deixar de ser, nós que não somos que outra opção mais legítima podemos ter?

(Trecho do livro Salvos da Perfeição de Elienai Cabral Jr., pág. 156)

sábado, 8 de agosto de 2009

Proposta indecente

A proposta de Jesus de Nazaré para seus seguidores é, no mínimo, indecente. Ele propõe uma subversão dos valores vigentes no cristianismo de nosso tempo, bem como o fez para aqueles de sua época. Enquanto a maioria de nós vive disputando por um lugar de honra, a exemplo dos filhos de Zebedeu, Jesus, apesar de nossa cabeça dura, continua insistindo na proposta original: “quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” [Mt 20.26-28].

Acredito que o Nazareno queria que entendêssemos que ao colocarmos nossos dons a serviço dos outros, ele mesmo cuidaria de nós. No entanto, mesmo olhando as coisas por esse ângulo, tempos uma enorme dificuldade de encarar isso, simplesmente pelo fato de que fomos condicionados a vida toda a pensar apenas em nós mesmos. Nem nos bancos das igrejas somos incentivados a olhar o outro com os olhos misericordiosos de Jesus. Temos dificuldades até de defender os interesses daquele que dizemos ser o nosso mestre, como Paulo nos lembra em sua carta aos Filipenses 2.21: “pois todos buscam seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo”, imagine então, buscar o interesse de um reles mortal?

Jesus de Nazaré veio para servir e espera que aprendamos isso. Ele quer que “cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros” [Fl 2.4]. A expectativa do Deus Altíssimo é que olhemos o sofrimento ao nosso redor, que saiamos do nosso mundinho-de-faz-de-conta do Jesus curandeiro e banqueiro. Ele não está dizendo que não devamos ter alguns sonhos e desejos, ele quer que desenvolvamos relacionamentos com as pessoas para além da superficialidade trivial dos orkuts da vida.

O sonho de Deus para nós era que fossemos uma comunidade de amor, de misericórdia, de perdão, que “ninguém buscasse o seu próprio bem, mas sim o dos outros” [1Co 10.24], onde cada necessitado pudesse ser envolvido de carinho e afeto, onde suas feridas fossem saradas, onde sua fome e sede fossem saciadas, onde não houvesse desigualdades [At 10.34]. Mas, parece-me que não importa o que Deus quer, utilizamos a sua própria Palavra em nosso favor, exigindo e requerendo diretos inexistentes em prol do nosso bel prazer.

A proposta de Jesus parece absurda e impossível de ser praticada em uma sociedade tão consumista e imediatista como a nossa, mas apesar de nossos protestos, ele continuará insistindo, pois não veio para nos agradar, veio colocar vinho novo em odres novos [Mt 9.17]. Precisamos enxergar que para ser sal e luz no mundo, requer que nos tornemos servos e escravos uns dos outros, requer que tenhamos a coragem de Paulo e bradamos em alta voz: “Ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus visando o lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados de Deus” [2Co 2.17].

sábado, 1 de agosto de 2009

O Labo B do cristianismo

Antigamente as pessoas ouviam suas músicas em discos de vinil, os famigerados LP's. Esses discos possuíam dois lados: o A reservado geralmente para os sucessos e o B para aquelas músicas menos promissoras. Atualmente, percebo claramente, que estamos fazendo a mesma coisa com algumas relíquias fundamentais da vida cristã.

Os púlpitos estão recheados de jargões da prosperidade (me perdoem, mas não consigo parar de falar mal dessa heresia). Eu já presenciei várias dessas frases celebres, cito abaixo alguns delas:

- O cristão nasceu para ser cabeça e não cauda! - Fico imaginando o que Jesus não sofre ao ouvir os pseudo-cristãos falando coisas desse tipo, sendo que ele cansou de falar que aqueles que quisessem ser alguma coisa no reino dos céus deveriam ser o servo, o último, pois ele mesmo não veio para ser servido, mas para servir;

- Toma posse da benção! - Essa sempre está ligada a retornos financeiros por parte de Deus. Mas se observarmos bem, somente o pastores, bispos, apóstolos é que verdadeiramente tomam po$$e de$$a benção.

- Eu determino... - Essa é uma das piores, o cabra se acha patrão de Deus e fica mandando que o todo-poderoso faça suas vontades...Deus me dê paciência! Não é a toa que tanta gente tem deixado a igreja!!

Esses jargões tem um fundamento promíscuo e mesmo assim tem dominado muitos cultos (não só em igrejas neopentecostais) e o que importa realmente está sendo deixado de lado.

Coisas como carregar a sua cruz, colocar o próximo em primeiro lugar, renovação de nossa mente, santificação, auxílio aos pobres, dentre outras coisas, cada vez menos são ouvidas em nossos cultos e conversas.

Outro dia li em um artigo que a maioria das pregações realizadas em nossos tempos, falam a respeito do Velho Testamento (isso deve ser verdade, basta olhar as letras das músicas), deixando de lado o Novo Testamento e, consequentemente, as coisas que Jesus explicou, ou seja, é o cristianismo sem Cristo que está na moda! Penso que, em pouquíssimo tempo, muitos se esquecerão quem foi Jesus e mesmo assim se auto-intitularão cristãos (hehe).

Graças a Deus, ainda existem muitos heróis lutando para manter o Lado B rodando e é por essa trilha que quero seguir, custe o que custar, pois acredito que essa é a vontade de Dele para nós.

Convoco todos a fazermos uma reforma protestante em prol de começarmos a (re)utilizar o Lado B do cristianismo!


sábado, 25 de julho de 2009

Erva venenosa

por Sérgio Pavarini

“Amantíssimos irmãos que escolheram a Catedral Evangélica para buscar as benesses do nosso Deus excelso, vamos receber com uma calorosa salva de palmas o reverendo Silas Malafaia. Ele será o portador da mensagem que o Pai celeste deseja nos transmitir nesta noite de encerramento da campanha “As 7 chaves da vitória”. Após o culto,… Leia mais

Firmes em Cristo

Na transitoriedade de nossa peregrinação por essa vida, muitas vezes acreditamos ou nem nos damos conta de que se estamos firmes em nossa fé em Cristo não é por mérito nosso. Isso mesmo, por maior que seja o nosso esforço, a nossa auto-justificação, seja ela com a prática de novenas, campanhas de oração, jejuns e etc, ou por obras de caridade, ou por qualquer outra coisa, nada disso nos garante estarmos firmes em Cristo. Somente "Deus faz com que nós permaneçamos firmes em Cristo" [2Co 1.21].

Em minha caminhada cristã, muitas vezes fui e ainda sou inconstante como a água, fiz e continuo fazendo muitas coisas que desagradam ao Senhor. Não tenho vergonha de assumir isso, pois sou falho e pecador e, enquanto eu viver, por mais que eu lute contra tais coisas, vou continuar falhando e pecando, mas por meio da fé, obtenho a graça de ser salvo [Ef 2.8] e permanecer firme em Cristo. Perceba que essas duas coisas fundamentais na vida de um ser humano não vem dele, mas é uma dádiva de Deus!

Como diria Brenan Manning, o amor de Deus por nós é tamanho que chega a ser algo estúpido, pois fazemos coisas estranhas à sua vontade na maior parte do tempo e, mesmo assim, ele nos ama, a ponto de não perdermos a salvação e ainda nos manter firmes em Jesus.

Se pararmos para analisar, pelo menos por alguns instantes, situações que vivenciamos no passado, veremos claramente Deus atuando em nosso favor, mesmo nos momentos mais difíceis. Ele nos mantém firmes e seguros, sem que seja necessário nenhuma ação de nossa parte. No entanto, só percebemos isso depois que a tempestade passa.

Enquanto peregrino por essa vida, tenho pedido a Deus que me dê o domínio próprio e paciência para perceber esses momentos em que Ele me mantém firme em Cristo e, desta forma, possa vislumbrar conscientemente o meu eu morrendo e diminuindo enquanto Cristo vive em mim [Gl 2.20].

Estou cansando de olhar, ouvir e falar a partir de minhas tênues convicções. Quero que Jesus domine meu ser a tal ponto que quando eu olhar para alguém, olhe com os seus olhos ternos e carinhosos, quando eu ouvir um amigo ou um desconhecido, tenha um genuíno interesse por aquilo que está sendo dito e, quando eu falar, fale apenas o necessário.

Pai, ajude-nos a morrer para nós mesmos e deixar Cristo viver em nós!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Como todo mundo

Refleti nisso tudo e cheguei à conclusão de que os justos e os sábios, e aquilo que eles fazem, estão nas mãos de Deus. O que os espera, seja amor ou ódio, ninguém sabe. Todos compartilham um destino comum: o justo e o ímpio, o bom e o mau, o puro e o impuro, o que oferece sacrifícios e o que não os oferece.

O que acontece com o homem bom, acontece com o pecador; o que acontece com o que faz juramentos, acontece com quem teme fazê-los.

Este é o mal que há em tudo o que acontece debaixo do sol: o destino de todos é mesmo. O coração dos homens, além do mais, está cheio de maldade e de loucura durante toda a vida; e por fim eles se juntarão aos mortos. Quem está entre os vivos tem esperança; até um cachorro vivo é melhor do que um leão morto!

Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos nada sabem; para eles não haverá mais recompensa, e já não se tem lembrança deles.

Para eles o amor, o ódio e a inveja há muito desapareceram; nunca mais terão parte em nada do que acontece debaixo do sol.

Portanto, vá, coma com prazer a sua comida e beba o seu vinho de coração alegre, pois Deus já se agradou do que você faz. Esteja sempre vestido com roupas de festa, e unja sua cabeça com óleo. Desfrute a vida com a mulher a quem você ama, todos os dias desta vida sem sentido que Deus dá a você debaixo do sol; todos os seus dias sem sentido! Pois essa é a sua recompensa na vida pelo seu árduo trabalho debaixo do sol. O que as suas mão tiverem que fazer, que o façam com toda a sua força, pois na sepultura, para onde você vai, não há atividade nem planejamento, não há conhecimento nem sabedoria.

Eclesiastes 9.1-10

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Como a corça

Sem percebermos, a vida moderna nos consome. Vamos nos desgastando com o trânsito caótico e seus sons de buzinas, sirenes de ambulâncias e dos carros de policiais. No metrô superlotado, com calor sufocante e o empurra-empurra. No trabalho, com a constante cobrança, a busca por metas e objetivos infindáveis. Na igreja, com a cobrança pelo cumprimento das leis (algumas de Deus e muitas dos homens), como se isso fosse o sinônimo de santidade e pureza. Na escola ou na faculdade, com as aulas desinteressantes, muitas vezes dadas por professores desinteressados. E, em muitas famílias, com a briga constante pela prevalência da individualidade em detrimento do grupo.

O tempo vai passando, vamos nos acostumando com a vida agitada, a agenda lotada, o ritmo acelerado. O estresse torna-se um mal necessário. A ambição se sobrepõe a tudo e a todos. O importante é ter o que ainda não se tem. Os dias vão passando tão rápido que não temos mais tempo para a família, para os amigos e principalmente para o ócio. Não nos assustamos mais com a miséria e a pobreza, com os viciados e os violentos. A guerra tornou-se algo banal, a corrupção normal, afinal de contas quem não baixa uma música ou filme da internet? É tão fácil, de graça, o que importa se é um ato ilegal e corruptamente impune?

Todas essas coisas, paulatinamente, estão nos levando a um movimento constante que a cada passo nos leva para longe da fonte de águas vivas. Quanto mais vivemos nessa roda viva , mais a queremos e isso vai causando em nós uma sede que não entendemos. Vivemos constantemente angustiados e na melhor das hipóteses, alienados. Apesar de estarmos a cada domingo sentados nos bancos das igrejas, mais e mais sentimos sede. Teologias são criadas para nos garantir que estamos no caminho certo, são tão ludibriosas que nem percebemos o seu veneno, a sua água turva e podre.

Entretanto, alguns de nós percebem o erro que estamos cometendo, não por serem mais iluminados ou por que são merecedores de um troféu, simplesmente por conta da sede insistente que corta a garganta como que com o fio de uma navalha... esses fazem coro com os filhos de Corá e dizem:

“Como a corsa anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus?” [Sl 42.1-2]

Precisamos beber da água verdadeira e nos saciar com o que realmente importa. Precisamos abandonar o vício da água torpe e nos embebedar da água viva, viver cambaleando alegremente na certeza inebriante do Deus que nos ama, nos perdoa e nos nutre.

Precisamos nos lembrar que, em Cristo, somos filhos da liberdade! [Gl 4.31] E, sendo livres não necessitamos mais permanecer subjugados à Lei (seja ela eclesiástica, midiática, do pecado, seja qual for!). Precisamos tomar coragem e dar um salto em nossos paradigmas. Precisamos renovar as nossas mentes [Rm 12.2] e olhar para essas coisas e dizer: “por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e meu Deus!” [Sl 42.11]

É necessário conhecermos o dom de Deus e pedirmos da água viva que Jesus nos oferece com a garantia de que quem beber da água que ele dá, nunca mais terá sede [Jo 4.14]. O problema é que não estamos bebendo água diretamente da fonte, estamos sempre nos saciando com a água do balde, ou seja, água contaminada e suja, por isso nossa sede não passa, nossa alma não se aquieta e sempre precisamos de mais águas turvas...

Senhor, só te peço uma coisa: sacie nossa sede!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Como as aves e os lírios



Não quero ter que depender apenas da minha força para me alimentar ou me vestir. Quero aprender com as aves do céu e com os lírios do campo e depender da providência do Pai (Mt 6.26-32).



Se, por acaso, Ele me agraciar com a fartura, quero me saciar...



Se, por acaso, Ele limitar meus recursos, quero me contentar com o pouco...



Como diz o autor de Provérbios, quero apenas o necessário, para que, em tendo muito, não me afaste de sua presença e, em tendo pouco, não me revolte contra Ele (Pv 30.8)... nem mais nem menos...



Mas como é difícil querer essas coisas quando somos bombardeados diariamente pela mídia e, mais recentemente, pela mídia gospel: compre, compre, compre!



Quero aprender com Paulo que nos ensinou que devemos comprar, mas viver como se não possuíssemos nada, usar as coisas desse mundo, mas viver como se nada pudéssemos aproveitar por aqui (1Co 7.30-31).



Busco a simplicidade e a mansidão de coração, a exemplo do grande mestre. Quero aprender a ser o último, a ser o servo, a valorizar o outro...



Preciso viver o agora, sentir cada segundo de vida, enxergar os pequenos milagres diários que me cercam, valorizar o ar que respiro, as canções que posso ouvir, os sabores que sinto, as texturas das minhas vestes, o afago de minha amada...



Não quero exigir nada do meu Deus, quero apenas apreciar tudo o que já tenho, e assim, viver como as aves e os lírios.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Como o vento

Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Peregrinar por esse Caminho não é tarefa fácil, requer de nós a audácia da criança que se lança nos braços do pai, sem medo e sem constrangimentos. Para trilharmos a via que o Espírito nos conduz, temos que ser como o vento: livres.

O caminhar cristão é uma verdadeira aventura. A cada esquina uma surpresa. Enquanto alguns (ou será a maioria?!) prega que nessa trilha há um rio de bênçãos sem fim, outros (muito poucos!) acreditam que viver no Caminho é como o verso de João: "... você não sabe de onde vem, nem para onde vai...". Confesso que acredito firmemente na segunda opção. Destarte do que possa parecer, isso me deixa feliz, pois a cada trombada ou como diria o poeta, a cada pedra no caminho, vejo minha limitação e posso perceber a grandeza do meu Deus.

É triste ver que um outro evangelho, diferente daquele que Jesus e seus verdadeiros apóstolos pregaram, reina no mundo. Ainda bem que isso não me assusta mais, e o próprio Jesus nos alertou quanto a isso em várias passagens bíblicas. Quero viver a simplicidade do verdadeiro Evangelho que diz: "buscai o Reino de Deus e a sua justiça e as demais coisas lhes serão acrescentadas..."

Mas, voltando ao que realmente importa, quero ser como o vento. Quero andar pelo mundo ao sabor da vontade de Deus. Entrar onde tiver que entrar, sair de onde tiver que sair, e fazer minha voz ser ouvida, mesmo que como um ruído qualquer, anunciando as verdades do Reino.

Quero viver a simplicidade proposta no Evangelho da Graça, peregrinando pelo mundo, vivendo um dia de cada vez, sem estresse, sem correrias, sem medos, sem atropelos, sem pressão, sem ter que provar nada a ninguém.

Quero me encontrar com minha verdadeira natureza, que é a santidade proposta pelo Pai. A santidade não alienada, não paranóica e não legalista. Quero a santidade que é resultado de uma profunda experiência da Graça de Deus.

A Palavra diz que o amor de Deus nos constrange. Isso é a mais pura verdade, pois apesar dos nossos pecados, das nossas limitações, da nossa falta de caráter e das nossas mentiras, Ele nos garante que a salvação é irrevogável àquele que crê. Essa Graça imensurável que nos livra da culpa, que nos leva ao céu, é para mim um grande mistério e é nesse Caminho que quero peregrinar enquanto Deus me permitir viver.

Como o vento que toca o rosto das crianças em uma tarde ensolarada, que alivia o calor da mãe atarefada, que dá vigor e ânimo ao pai trabalhador, quero que minha existência proporcione o mesmo para aqueles que me cercam.

Quero um novo Céu e uma nova Terra...