sábado, 25 de julho de 2009

Erva venenosa

por Sérgio Pavarini

“Amantíssimos irmãos que escolheram a Catedral Evangélica para buscar as benesses do nosso Deus excelso, vamos receber com uma calorosa salva de palmas o reverendo Silas Malafaia. Ele será o portador da mensagem que o Pai celeste deseja nos transmitir nesta noite de encerramento da campanha “As 7 chaves da vitória”. Após o culto,… Leia mais

Firmes em Cristo

Na transitoriedade de nossa peregrinação por essa vida, muitas vezes acreditamos ou nem nos damos conta de que se estamos firmes em nossa fé em Cristo não é por mérito nosso. Isso mesmo, por maior que seja o nosso esforço, a nossa auto-justificação, seja ela com a prática de novenas, campanhas de oração, jejuns e etc, ou por obras de caridade, ou por qualquer outra coisa, nada disso nos garante estarmos firmes em Cristo. Somente "Deus faz com que nós permaneçamos firmes em Cristo" [2Co 1.21].

Em minha caminhada cristã, muitas vezes fui e ainda sou inconstante como a água, fiz e continuo fazendo muitas coisas que desagradam ao Senhor. Não tenho vergonha de assumir isso, pois sou falho e pecador e, enquanto eu viver, por mais que eu lute contra tais coisas, vou continuar falhando e pecando, mas por meio da fé, obtenho a graça de ser salvo [Ef 2.8] e permanecer firme em Cristo. Perceba que essas duas coisas fundamentais na vida de um ser humano não vem dele, mas é uma dádiva de Deus!

Como diria Brenan Manning, o amor de Deus por nós é tamanho que chega a ser algo estúpido, pois fazemos coisas estranhas à sua vontade na maior parte do tempo e, mesmo assim, ele nos ama, a ponto de não perdermos a salvação e ainda nos manter firmes em Jesus.

Se pararmos para analisar, pelo menos por alguns instantes, situações que vivenciamos no passado, veremos claramente Deus atuando em nosso favor, mesmo nos momentos mais difíceis. Ele nos mantém firmes e seguros, sem que seja necessário nenhuma ação de nossa parte. No entanto, só percebemos isso depois que a tempestade passa.

Enquanto peregrino por essa vida, tenho pedido a Deus que me dê o domínio próprio e paciência para perceber esses momentos em que Ele me mantém firme em Cristo e, desta forma, possa vislumbrar conscientemente o meu eu morrendo e diminuindo enquanto Cristo vive em mim [Gl 2.20].

Estou cansando de olhar, ouvir e falar a partir de minhas tênues convicções. Quero que Jesus domine meu ser a tal ponto que quando eu olhar para alguém, olhe com os seus olhos ternos e carinhosos, quando eu ouvir um amigo ou um desconhecido, tenha um genuíno interesse por aquilo que está sendo dito e, quando eu falar, fale apenas o necessário.

Pai, ajude-nos a morrer para nós mesmos e deixar Cristo viver em nós!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Como todo mundo

Refleti nisso tudo e cheguei à conclusão de que os justos e os sábios, e aquilo que eles fazem, estão nas mãos de Deus. O que os espera, seja amor ou ódio, ninguém sabe. Todos compartilham um destino comum: o justo e o ímpio, o bom e o mau, o puro e o impuro, o que oferece sacrifícios e o que não os oferece.

O que acontece com o homem bom, acontece com o pecador; o que acontece com o que faz juramentos, acontece com quem teme fazê-los.

Este é o mal que há em tudo o que acontece debaixo do sol: o destino de todos é mesmo. O coração dos homens, além do mais, está cheio de maldade e de loucura durante toda a vida; e por fim eles se juntarão aos mortos. Quem está entre os vivos tem esperança; até um cachorro vivo é melhor do que um leão morto!

Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos nada sabem; para eles não haverá mais recompensa, e já não se tem lembrança deles.

Para eles o amor, o ódio e a inveja há muito desapareceram; nunca mais terão parte em nada do que acontece debaixo do sol.

Portanto, vá, coma com prazer a sua comida e beba o seu vinho de coração alegre, pois Deus já se agradou do que você faz. Esteja sempre vestido com roupas de festa, e unja sua cabeça com óleo. Desfrute a vida com a mulher a quem você ama, todos os dias desta vida sem sentido que Deus dá a você debaixo do sol; todos os seus dias sem sentido! Pois essa é a sua recompensa na vida pelo seu árduo trabalho debaixo do sol. O que as suas mão tiverem que fazer, que o façam com toda a sua força, pois na sepultura, para onde você vai, não há atividade nem planejamento, não há conhecimento nem sabedoria.

Eclesiastes 9.1-10

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Como a corça

Sem percebermos, a vida moderna nos consome. Vamos nos desgastando com o trânsito caótico e seus sons de buzinas, sirenes de ambulâncias e dos carros de policiais. No metrô superlotado, com calor sufocante e o empurra-empurra. No trabalho, com a constante cobrança, a busca por metas e objetivos infindáveis. Na igreja, com a cobrança pelo cumprimento das leis (algumas de Deus e muitas dos homens), como se isso fosse o sinônimo de santidade e pureza. Na escola ou na faculdade, com as aulas desinteressantes, muitas vezes dadas por professores desinteressados. E, em muitas famílias, com a briga constante pela prevalência da individualidade em detrimento do grupo.

O tempo vai passando, vamos nos acostumando com a vida agitada, a agenda lotada, o ritmo acelerado. O estresse torna-se um mal necessário. A ambição se sobrepõe a tudo e a todos. O importante é ter o que ainda não se tem. Os dias vão passando tão rápido que não temos mais tempo para a família, para os amigos e principalmente para o ócio. Não nos assustamos mais com a miséria e a pobreza, com os viciados e os violentos. A guerra tornou-se algo banal, a corrupção normal, afinal de contas quem não baixa uma música ou filme da internet? É tão fácil, de graça, o que importa se é um ato ilegal e corruptamente impune?

Todas essas coisas, paulatinamente, estão nos levando a um movimento constante que a cada passo nos leva para longe da fonte de águas vivas. Quanto mais vivemos nessa roda viva , mais a queremos e isso vai causando em nós uma sede que não entendemos. Vivemos constantemente angustiados e na melhor das hipóteses, alienados. Apesar de estarmos a cada domingo sentados nos bancos das igrejas, mais e mais sentimos sede. Teologias são criadas para nos garantir que estamos no caminho certo, são tão ludibriosas que nem percebemos o seu veneno, a sua água turva e podre.

Entretanto, alguns de nós percebem o erro que estamos cometendo, não por serem mais iluminados ou por que são merecedores de um troféu, simplesmente por conta da sede insistente que corta a garganta como que com o fio de uma navalha... esses fazem coro com os filhos de Corá e dizem:

“Como a corsa anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus?” [Sl 42.1-2]

Precisamos beber da água verdadeira e nos saciar com o que realmente importa. Precisamos abandonar o vício da água torpe e nos embebedar da água viva, viver cambaleando alegremente na certeza inebriante do Deus que nos ama, nos perdoa e nos nutre.

Precisamos nos lembrar que, em Cristo, somos filhos da liberdade! [Gl 4.31] E, sendo livres não necessitamos mais permanecer subjugados à Lei (seja ela eclesiástica, midiática, do pecado, seja qual for!). Precisamos tomar coragem e dar um salto em nossos paradigmas. Precisamos renovar as nossas mentes [Rm 12.2] e olhar para essas coisas e dizer: “por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e meu Deus!” [Sl 42.11]

É necessário conhecermos o dom de Deus e pedirmos da água viva que Jesus nos oferece com a garantia de que quem beber da água que ele dá, nunca mais terá sede [Jo 4.14]. O problema é que não estamos bebendo água diretamente da fonte, estamos sempre nos saciando com a água do balde, ou seja, água contaminada e suja, por isso nossa sede não passa, nossa alma não se aquieta e sempre precisamos de mais águas turvas...

Senhor, só te peço uma coisa: sacie nossa sede!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Como as aves e os lírios



Não quero ter que depender apenas da minha força para me alimentar ou me vestir. Quero aprender com as aves do céu e com os lírios do campo e depender da providência do Pai (Mt 6.26-32).



Se, por acaso, Ele me agraciar com a fartura, quero me saciar...



Se, por acaso, Ele limitar meus recursos, quero me contentar com o pouco...



Como diz o autor de Provérbios, quero apenas o necessário, para que, em tendo muito, não me afaste de sua presença e, em tendo pouco, não me revolte contra Ele (Pv 30.8)... nem mais nem menos...



Mas como é difícil querer essas coisas quando somos bombardeados diariamente pela mídia e, mais recentemente, pela mídia gospel: compre, compre, compre!



Quero aprender com Paulo que nos ensinou que devemos comprar, mas viver como se não possuíssemos nada, usar as coisas desse mundo, mas viver como se nada pudéssemos aproveitar por aqui (1Co 7.30-31).



Busco a simplicidade e a mansidão de coração, a exemplo do grande mestre. Quero aprender a ser o último, a ser o servo, a valorizar o outro...



Preciso viver o agora, sentir cada segundo de vida, enxergar os pequenos milagres diários que me cercam, valorizar o ar que respiro, as canções que posso ouvir, os sabores que sinto, as texturas das minhas vestes, o afago de minha amada...



Não quero exigir nada do meu Deus, quero apenas apreciar tudo o que já tenho, e assim, viver como as aves e os lírios.