"Não esgote suas forças tentando ficar rico; tenha bom senso! As riquezas desaparecem assim que você as contempla; elas criam asas e voam como águias pelo céu." [Provérbios 23.4-5]
segunda-feira, 24 de maio de 2010
terça-feira, 18 de maio de 2010
Testemunho sobre oração pessoal (ou como me livrei da oração-do-bicho-pega)
Ultimamente tenho dedicado uma boa porção da minha semana à oração pessoal, coisa que não fazia há muito tempo, acho que desde a época de minha conversão, quando a chama do primeiro amor ainda imperava dentro de mim. O que reinava em meu relacionamento com Deus era a oração-do-bicho-pega, que me perseguia a todo tempo e grudava em mim como carrapato, mas felizmente o Senhor me libertou!
Tudo começou com o meu desejo de encontrar e participar de uma comunidade mais parecida com o que vejo descrito no Novo Testamento. Contagiado pelas falácias empresarias que também contaminaram a maioria das igrejas, buscava uma comunidade que vivesse como a igreja primitiva e obtivesse bons resultados. Felizmente, o Espírito Santo se utilizou de minha esposa e de um artigo do Wayne Jacobsen (Autor do livro “Por que você na quer ir mais à igreja?”) para me dar um recado: o problema não está nas instituições, está em você! A chave de tudo está em mim, ou seja, o segredo está em como eu estou vivendo o cristianismo. Pois bem, voltei ao meu versículo preferido e o reli, e foi isso o que vi: “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações” [Atos 2.42].
A constatação foi cruel e dolorosa para mim, pois quando refleti sobre esse versículo, percebi que eu tinha me afastado demais dele e exatamente por isso estava sofrendo e angustiado! Das quatro coisas que os primeiros cristãos se dedicavam, eu estava dedicado apenas ao ensino dos apóstolos (que podemos entender como sendo a Palavra de Deus). As outras três tinham se perdido em algum ponto de meu passado recente. Então, rapidamente, ungido pelo espírito farisaico-cristão, tentava me justificar, dizendo coisas do tipo “é que minha vida está muito atribulada...” ou “nossa! em menos de seis meses mudei de emprego e de casa...” ou ainda “é que os irmãos da igreja aonde vou não me entendem...”. Pobre de mim, minhas muletas estavam me transformando naquilo que eu mais repudiava: um belo de um fariseu!
Confrontado pela Palavra, pude redescobrir o caminho da oração. Voltei a entender porque Jesus investia tanto tempo em oração, porque Paulo nos exorta a orarmos sem cessar ou porque os primeiros cristãos se dedicavam à oração. A oração me aproxima do Pai. É por meio da oração que experimento o amor, as misericórdias, o perdão, as consolações e as bênçãos de Deus.
A oração, por mais simples ou dolorosa que seja, tem dois efeitos fundamentais, além, é claro, do possível atendimento do pedido por parte de Deus. Primeiro, faz com que eu entenda que não sou auto-suficiente, que não posso fazer nada sem o Pai. E, o outro efeito, é que me aproxima da presença pacificadora de Deus, que me acalma e alivia. O mais interessante nisso tudo é que não precisa ser muito tempo, basta que o tempo dedicado seja de qualidade, ou seja, que você queira realmente estar na presença de Deus.
Com a vida corrida que levo, sou tentado a orar enquanto faço outra coisa, como por exemplo, enquanto estou indo para o trabalho, no carro ou metrô, aproveito para dar uma “oradinha”... ou quando vou almoçar com os amigos de trabalho, oro ao mesmo tempo em que dou a primeira garfada... Não que seja errado orar assim, mas penso que não é uma oração de qualidade, pois estou sujeito a muitas distrações e quem sabe os efeitos em mim não sejam alcançados.
Uma coisa que tenho aprendido sobre oração pessoal nesses dias é que, quanto mais você ora, mais você quer ficar na presença de Deus, a ponto de você perceber que a realização de seu pedido começa a ficar em segundo plano, pois sua dor, medo, angustia, tristeza perde a importância. O Espírito Santo começa a te mostrar que Ele está no controle de tudo e no momento certo, Ele agirá ou não.
O problema é que, como diz o Hernani Medola, um amigo meu, “nós oramos de verdade quando o bicho pega”. A oração-do-bicho-pega é geralmente rasa e desprovida de comunhão com Deus e muitas vezes me faz ficar decepcionado com Ele, simplesmente porque Ele não me atendeu na hora em que pedi. Hoje percebo claramente que, quando oro somente quando tenho necessidades urgentes, faço de Deus um médico, banqueiro ou qualquer coisa do tipo, que tem a obrigação de me atender ao meu bel-prazer. A minha oração quando pautada pelo “bicho-pega” torna-se imediatista e determinista. Começo a encarar o Deus-Amor como um deus-cruel que não atende minhas orações, e vivo a reinvidicar minha parte como filho do Rei. Enfim, torno-me mais egoísta e mesquinho, preocupado tão-somente com o meu umbigo.
Nessa peregrinação diária percebo que preciso aprender a orar mais e com qualidade, pois só deste modo tenho um pequeno vislumbre dos porquês das demoras de Deus e ao invés de murmurar e reclamar, louvo mais, espero mais, confio mais... e assim vou caminhando rumo àquilo que o Pai tem preparado para mim.
Tenho pedido a Deus para que continue me livrando da oração-do-bicho-pega e que me transforme em verdadeiro intercessor e amigo confidente Dele. Além disso, com a ajuda de Deus, tenho buscado me dedicar à comunhão e ao partir do pão.
Conto com sua oração e que assim seja!
Tudo começou com o meu desejo de encontrar e participar de uma comunidade mais parecida com o que vejo descrito no Novo Testamento. Contagiado pelas falácias empresarias que também contaminaram a maioria das igrejas, buscava uma comunidade que vivesse como a igreja primitiva e obtivesse bons resultados. Felizmente, o Espírito Santo se utilizou de minha esposa e de um artigo do Wayne Jacobsen (Autor do livro “Por que você na quer ir mais à igreja?”) para me dar um recado: o problema não está nas instituições, está em você! A chave de tudo está em mim, ou seja, o segredo está em como eu estou vivendo o cristianismo. Pois bem, voltei ao meu versículo preferido e o reli, e foi isso o que vi: “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações” [Atos 2.42].
A constatação foi cruel e dolorosa para mim, pois quando refleti sobre esse versículo, percebi que eu tinha me afastado demais dele e exatamente por isso estava sofrendo e angustiado! Das quatro coisas que os primeiros cristãos se dedicavam, eu estava dedicado apenas ao ensino dos apóstolos (que podemos entender como sendo a Palavra de Deus). As outras três tinham se perdido em algum ponto de meu passado recente. Então, rapidamente, ungido pelo espírito farisaico-cristão, tentava me justificar, dizendo coisas do tipo “é que minha vida está muito atribulada...” ou “nossa! em menos de seis meses mudei de emprego e de casa...” ou ainda “é que os irmãos da igreja aonde vou não me entendem...”. Pobre de mim, minhas muletas estavam me transformando naquilo que eu mais repudiava: um belo de um fariseu!
Confrontado pela Palavra, pude redescobrir o caminho da oração. Voltei a entender porque Jesus investia tanto tempo em oração, porque Paulo nos exorta a orarmos sem cessar ou porque os primeiros cristãos se dedicavam à oração. A oração me aproxima do Pai. É por meio da oração que experimento o amor, as misericórdias, o perdão, as consolações e as bênçãos de Deus.
A oração, por mais simples ou dolorosa que seja, tem dois efeitos fundamentais, além, é claro, do possível atendimento do pedido por parte de Deus. Primeiro, faz com que eu entenda que não sou auto-suficiente, que não posso fazer nada sem o Pai. E, o outro efeito, é que me aproxima da presença pacificadora de Deus, que me acalma e alivia. O mais interessante nisso tudo é que não precisa ser muito tempo, basta que o tempo dedicado seja de qualidade, ou seja, que você queira realmente estar na presença de Deus.
Com a vida corrida que levo, sou tentado a orar enquanto faço outra coisa, como por exemplo, enquanto estou indo para o trabalho, no carro ou metrô, aproveito para dar uma “oradinha”... ou quando vou almoçar com os amigos de trabalho, oro ao mesmo tempo em que dou a primeira garfada... Não que seja errado orar assim, mas penso que não é uma oração de qualidade, pois estou sujeito a muitas distrações e quem sabe os efeitos em mim não sejam alcançados.
Uma coisa que tenho aprendido sobre oração pessoal nesses dias é que, quanto mais você ora, mais você quer ficar na presença de Deus, a ponto de você perceber que a realização de seu pedido começa a ficar em segundo plano, pois sua dor, medo, angustia, tristeza perde a importância. O Espírito Santo começa a te mostrar que Ele está no controle de tudo e no momento certo, Ele agirá ou não.
O problema é que, como diz o Hernani Medola, um amigo meu, “nós oramos de verdade quando o bicho pega”. A oração-do-bicho-pega é geralmente rasa e desprovida de comunhão com Deus e muitas vezes me faz ficar decepcionado com Ele, simplesmente porque Ele não me atendeu na hora em que pedi. Hoje percebo claramente que, quando oro somente quando tenho necessidades urgentes, faço de Deus um médico, banqueiro ou qualquer coisa do tipo, que tem a obrigação de me atender ao meu bel-prazer. A minha oração quando pautada pelo “bicho-pega” torna-se imediatista e determinista. Começo a encarar o Deus-Amor como um deus-cruel que não atende minhas orações, e vivo a reinvidicar minha parte como filho do Rei. Enfim, torno-me mais egoísta e mesquinho, preocupado tão-somente com o meu umbigo.
Nessa peregrinação diária percebo que preciso aprender a orar mais e com qualidade, pois só deste modo tenho um pequeno vislumbre dos porquês das demoras de Deus e ao invés de murmurar e reclamar, louvo mais, espero mais, confio mais... e assim vou caminhando rumo àquilo que o Pai tem preparado para mim.
Tenho pedido a Deus para que continue me livrando da oração-do-bicho-pega e que me transforme em verdadeiro intercessor e amigo confidente Dele. Além disso, com a ajuda de Deus, tenho buscado me dedicar à comunhão e ao partir do pão.
Conto com sua oração e que assim seja!
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Fins medicinais
"Não continue a beber somente água; tome também um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas freqüentes enfermidades" [1 Timóteo 5.23]
Encontro com Jesus
Quero falar sobre uma afirmativa no qual Jesus nos revela onde podemos encontrá-lo. Sei que, atualmente, está fora de moda falar sobre os assuntos relacionados ao Evangelho, a Boa Nova, ao Reino de Deus, mas essa necessidade em mim é maior do que qualquer convenção pseudo-social-cristã.
Como trabalho no centro velho de São Paulo, mais precisamente próximo ao Parque da Luz, costumo ver, em meu dia-a-dia, aquilo que muitos de nós faz de tudo para evitar: a degradação do ser humano. É incrível como insistimos em não encarar essa dura realidade, conquistada por séculos que ganância, desprezo e insensatez. Vez ou outra, decido dar uma volta durante o horário de almoço e constato essa realidade paralela, pessoas abandonadas, sujas, maltrapilhas, sem esperanças. No Parque da Luz, é comum ver mulheres vendendo seus corpos em plena luz do dia. Em alguns bancos, sentados e cabisbaixos, podemos ver pais de família desempregados, talvez pensando em como farão para levar comida aos filhos. Se eu tivesse um pouco mais de coragem dava para dar uma esticadinha até a Cracolândia, onde com certeza veria pessoas sendo consumidas pelo vício, vidas sendo interrompidas. Quem sabe, se eu encontrasse um posto do SUS, veria pessoas vitimadas, sem assistência e muito menos, sem cura.
Olho para dentro de mim e, constato minha repulsa em encarar essas situações, assim como o Levita e o Doutor da Lei na parábola do Bom Samaritano, muitas vezes passo por essas pessoas pelo outro lado da rua, pois quase nunca tenho dinheiro na carteira (nem mesmo os R$ 10,00 do bandido, como diria minha esposa), ou uma palavra de consolo ou quem sabe por nojo ou medo mesmo, sei lá.
Muitas vezes, em nossa espiritualidade rasa, clamamos ao Pai um direcionamento, um relacionamento mais íntimo com seu Filho, esquecendo-nos de que o próprio Jesus nos deu o caminho exato para quem quer se encontrar com ele. Como que cegos e surdos, insistimos em percorrer por outras veredas, ora desenvolvendo cursos sobre espiritualidade, ora nos acomodando em nossas quatro paredes sagradas, ora fingindo sermos superespirituais.
Penso que a Boa Nova de Jesus caiu em desuso pelo fato de nos expor demais ou, quem sabe, por colocar diante de nós o mundo que nós mesmos fabricamos e, ainda por cima, muitas vezes, temos a cara de pau de dizer: “por que será que Deus permite tantas tragédias?”.
Pois bem, se queremos verdadeiramente ter encontros diários com Jesus devemos nos atentar ao que nos ensina Mateus 25, 34-40, veja: “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”
Estranhamente Jesus quer ser encontrado naqueles que estão à margem da sociedade, e que fazemos de tudo para evitá-los. Quem sabe Jesus tenha deixado nessas pessoas sua essência, que precisa ser garimpada no amor, na esperança de um mundo melhor e na fé que não esmorece diante da vida árdua.
Talvez Jesus nos deixou esse mandamento para que pudéssemos perceber, assim como ele fez em sua vida terrena, que temos muito a aprender com essas pessoas, pois elas estão destituídas de seus egos,vontades, sonhos, orgulhos e, por esses mesmos motivos, são mais sinceros e verdadeiros em seus relacionamentos, sejam eles com Deus ou com os outros. Não é de se espantar que Jesus, o Deus-Filho, gastasse a maior parte de seu tempo com esses pequeninos.
Para quem já vivenciou encontros com esses pequeninos sabe do que estou falando. Deus usa essas pessoas para ministrar em nossas vidas, sem que elas digam um versículo bíblico sequer! Elas vivem a providência de Deus na prática, em suas peregrinações sem rumo, sem esperança, sem sonhos. Vamos até eles com o objetivo de levar uma palavra de consolo ou até mesmo um alimento e voltamos de lá, moídos pela Misericórdia Divina.
Se você quer ter um encontro real com Jesus, aprimore-se em viver com essas pessoas. Ser discípulo de Cristo é muito mais do que participar semanalmente de um culto dominical ou de um show de uma banda gospel ou viajar em um cruzeiro evangelístico! Ser discípulo do Deus-Conosoco é estar com aqueles que o próprio Jesus disse ser ele próprio. O desafio é esse, a revolução que Jesus começou, o chamado Reino de Deus, é isso! Romper com o ciclo perverso da maldade humana, com o pecado da ganância, do poder, da mesquinharia e oferecer ao mundo o reino de amor, de solidariedade, de esperança, de salvação, de jusiça, de fé...
O Pai disse ao profeta Joel (Jl 2.28-32) que, quando derramasse seu Espírito (e Ele já fez isso), nós, filhos e filhas, nos tornaríamos profetas, nós jovens, teríamos visões, prodígios e sinais seriam vistos no céu e na terra. Tenho orado ao Senhor para que faça com que o Espírito que habita dentro de nós entre em ebulição e nos inquiete a tal ponto que, jovens profetas dessa geração se levantem contra toda injustiça, com palavras de exortação, que a gente veja um futuro melhor, com mais pessoas sendo amadas e salvas, que os únicos prodígios vistos pelos que não crêem seja a forma como amamos os pequeninos, que o único sinal que vejam seja o amor que teremos uns para com os outros.
Se praticássemos as coisas que sabemos, o mundo teria motivos para nos achar relevantes e, quem sabe, até Deus se tornaria mais relevantes para eles. Então as pessoas, de fato, poderiam nos chamar de cristãos, pequenos cristos. Eles veriam que há um Deus imenso e cheio de um terno amor, querendo abraçar a todos, disposto a fazer qualquer coisa por cada ser vivente. Mas, o que o mundo vê em nós? O que os nossos colegas de trabalho ou de escola pensam da gente? Estamos exalando o perfume suave de Cristo? Verdadeiramente, tenho medo das respostas a essas perguntas...
Como diz Paulo, um dia, todos os entretenimentos gospels vão passar, e só vão permancer três coisas: a fé, a esperança e o amor, sendo que o maior deles é o amor! (2Co 13.13). Por este motivo, tenho pedido ao Pai que quebrante o meu coração diariamente e me faça enxergar em cada um desses pequeninos o Senhor Jesus, não por medo de ir ao inferno, porque creio que já sou salvo, mas porque cada um deles é um maravilhoso e lindo Jesus! E mesmo que não o fosse, pois são pessoas e, por isso mesmo, também precisam ser amadas e honradas, apesar de suas escolhas, apesar de sua história, apesar de minhas escolhas, apesar de minha história.
Como trabalho no centro velho de São Paulo, mais precisamente próximo ao Parque da Luz, costumo ver, em meu dia-a-dia, aquilo que muitos de nós faz de tudo para evitar: a degradação do ser humano. É incrível como insistimos em não encarar essa dura realidade, conquistada por séculos que ganância, desprezo e insensatez. Vez ou outra, decido dar uma volta durante o horário de almoço e constato essa realidade paralela, pessoas abandonadas, sujas, maltrapilhas, sem esperanças. No Parque da Luz, é comum ver mulheres vendendo seus corpos em plena luz do dia. Em alguns bancos, sentados e cabisbaixos, podemos ver pais de família desempregados, talvez pensando em como farão para levar comida aos filhos. Se eu tivesse um pouco mais de coragem dava para dar uma esticadinha até a Cracolândia, onde com certeza veria pessoas sendo consumidas pelo vício, vidas sendo interrompidas. Quem sabe, se eu encontrasse um posto do SUS, veria pessoas vitimadas, sem assistência e muito menos, sem cura.
Olho para dentro de mim e, constato minha repulsa em encarar essas situações, assim como o Levita e o Doutor da Lei na parábola do Bom Samaritano, muitas vezes passo por essas pessoas pelo outro lado da rua, pois quase nunca tenho dinheiro na carteira (nem mesmo os R$ 10,00 do bandido, como diria minha esposa), ou uma palavra de consolo ou quem sabe por nojo ou medo mesmo, sei lá.
Muitas vezes, em nossa espiritualidade rasa, clamamos ao Pai um direcionamento, um relacionamento mais íntimo com seu Filho, esquecendo-nos de que o próprio Jesus nos deu o caminho exato para quem quer se encontrar com ele. Como que cegos e surdos, insistimos em percorrer por outras veredas, ora desenvolvendo cursos sobre espiritualidade, ora nos acomodando em nossas quatro paredes sagradas, ora fingindo sermos superespirituais.
Penso que a Boa Nova de Jesus caiu em desuso pelo fato de nos expor demais ou, quem sabe, por colocar diante de nós o mundo que nós mesmos fabricamos e, ainda por cima, muitas vezes, temos a cara de pau de dizer: “por que será que Deus permite tantas tragédias?”.
Pois bem, se queremos verdadeiramente ter encontros diários com Jesus devemos nos atentar ao que nos ensina Mateus 25, 34-40, veja: “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”
Estranhamente Jesus quer ser encontrado naqueles que estão à margem da sociedade, e que fazemos de tudo para evitá-los. Quem sabe Jesus tenha deixado nessas pessoas sua essência, que precisa ser garimpada no amor, na esperança de um mundo melhor e na fé que não esmorece diante da vida árdua.
Talvez Jesus nos deixou esse mandamento para que pudéssemos perceber, assim como ele fez em sua vida terrena, que temos muito a aprender com essas pessoas, pois elas estão destituídas de seus egos,vontades, sonhos, orgulhos e, por esses mesmos motivos, são mais sinceros e verdadeiros em seus relacionamentos, sejam eles com Deus ou com os outros. Não é de se espantar que Jesus, o Deus-Filho, gastasse a maior parte de seu tempo com esses pequeninos.
Para quem já vivenciou encontros com esses pequeninos sabe do que estou falando. Deus usa essas pessoas para ministrar em nossas vidas, sem que elas digam um versículo bíblico sequer! Elas vivem a providência de Deus na prática, em suas peregrinações sem rumo, sem esperança, sem sonhos. Vamos até eles com o objetivo de levar uma palavra de consolo ou até mesmo um alimento e voltamos de lá, moídos pela Misericórdia Divina.
Se você quer ter um encontro real com Jesus, aprimore-se em viver com essas pessoas. Ser discípulo de Cristo é muito mais do que participar semanalmente de um culto dominical ou de um show de uma banda gospel ou viajar em um cruzeiro evangelístico! Ser discípulo do Deus-Conosoco é estar com aqueles que o próprio Jesus disse ser ele próprio. O desafio é esse, a revolução que Jesus começou, o chamado Reino de Deus, é isso! Romper com o ciclo perverso da maldade humana, com o pecado da ganância, do poder, da mesquinharia e oferecer ao mundo o reino de amor, de solidariedade, de esperança, de salvação, de jusiça, de fé...
O Pai disse ao profeta Joel (Jl 2.28-32) que, quando derramasse seu Espírito (e Ele já fez isso), nós, filhos e filhas, nos tornaríamos profetas, nós jovens, teríamos visões, prodígios e sinais seriam vistos no céu e na terra. Tenho orado ao Senhor para que faça com que o Espírito que habita dentro de nós entre em ebulição e nos inquiete a tal ponto que, jovens profetas dessa geração se levantem contra toda injustiça, com palavras de exortação, que a gente veja um futuro melhor, com mais pessoas sendo amadas e salvas, que os únicos prodígios vistos pelos que não crêem seja a forma como amamos os pequeninos, que o único sinal que vejam seja o amor que teremos uns para com os outros.
Se praticássemos as coisas que sabemos, o mundo teria motivos para nos achar relevantes e, quem sabe, até Deus se tornaria mais relevantes para eles. Então as pessoas, de fato, poderiam nos chamar de cristãos, pequenos cristos. Eles veriam que há um Deus imenso e cheio de um terno amor, querendo abraçar a todos, disposto a fazer qualquer coisa por cada ser vivente. Mas, o que o mundo vê em nós? O que os nossos colegas de trabalho ou de escola pensam da gente? Estamos exalando o perfume suave de Cristo? Verdadeiramente, tenho medo das respostas a essas perguntas...
Como diz Paulo, um dia, todos os entretenimentos gospels vão passar, e só vão permancer três coisas: a fé, a esperança e o amor, sendo que o maior deles é o amor! (2Co 13.13). Por este motivo, tenho pedido ao Pai que quebrante o meu coração diariamente e me faça enxergar em cada um desses pequeninos o Senhor Jesus, não por medo de ir ao inferno, porque creio que já sou salvo, mas porque cada um deles é um maravilhoso e lindo Jesus! E mesmo que não o fosse, pois são pessoas e, por isso mesmo, também precisam ser amadas e honradas, apesar de suas escolhas, apesar de sua história, apesar de minhas escolhas, apesar de minha história.
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