terça-feira, 18 de maio de 2010

Testemunho sobre oração pessoal (ou como me livrei da oração-do-bicho-pega)


Ultimamente tenho dedicado uma boa porção da minha semana à oração pessoal, coisa que não fazia há muito tempo, acho que desde a época de minha conversão, quando a chama do primeiro amor ainda imperava dentro de mim. O que reinava em meu relacionamento com Deus era a oração-do-bicho-pega, que me perseguia a todo tempo e grudava em mim como carrapato, mas felizmente o Senhor me libertou!

Tudo começou com o meu desejo de encontrar e participar de uma comunidade mais parecida com o que vejo descrito no Novo Testamento. Contagiado pelas falácias empresarias que também contaminaram a maioria das igrejas, buscava uma comunidade que vivesse como a igreja primitiva e obtivesse bons resultados. Felizmente, o Espírito Santo se utilizou de minha esposa e de um artigo do Wayne Jacobsen (Autor do livro “Por que você na quer ir mais à igreja?”) para me dar um recado: o problema não está nas instituições, está em você! A chave de tudo está em mim, ou seja, o segredo está em como eu estou vivendo o cristianismo. Pois bem, voltei ao meu versículo preferido e o reli, e foi isso o que vi: “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações” [Atos 2.42].

A constatação foi cruel e dolorosa para mim, pois quando refleti sobre esse versículo, percebi que eu tinha me afastado demais dele e exatamente por isso estava sofrendo e angustiado! Das quatro coisas que os primeiros cristãos se dedicavam, eu estava dedicado apenas ao ensino dos apóstolos (que podemos entender como sendo a Palavra de Deus). As outras três tinham se perdido em algum ponto de meu passado recente. Então, rapidamente, ungido pelo espírito farisaico-cristão, tentava me justificar, dizendo coisas do tipo “é que minha vida está muito atribulada...” ou “nossa! em menos de seis meses mudei de emprego e de casa...” ou ainda “é que os irmãos da igreja aonde vou não me entendem...”. Pobre de mim, minhas muletas estavam me transformando naquilo que eu mais repudiava: um belo de um fariseu!

Confrontado pela Palavra, pude redescobrir o caminho da oração. Voltei a entender porque Jesus investia tanto tempo em oração, porque Paulo nos exorta a orarmos sem cessar ou porque os primeiros cristãos se dedicavam à oração. A oração me aproxima do Pai. É por meio da oração que experimento o amor, as misericórdias, o perdão, as consolações e as bênçãos de Deus.

A oração, por mais simples ou dolorosa que seja, tem dois efeitos fundamentais, além, é claro, do possível atendimento do pedido por parte de Deus. Primeiro, faz com que eu entenda que não sou auto-suficiente, que não posso fazer nada sem o Pai. E, o outro efeito, é que me aproxima da presença pacificadora de Deus, que me acalma e alivia. O mais interessante nisso tudo é que não precisa ser muito tempo, basta que o tempo dedicado seja de qualidade, ou seja, que você queira realmente estar na presença de Deus.

Com a vida corrida que levo, sou tentado a orar enquanto faço outra coisa, como por exemplo, enquanto estou indo para o trabalho, no carro ou metrô, aproveito para dar uma “oradinha”... ou quando vou almoçar com os amigos de trabalho, oro ao mesmo tempo em que dou a primeira garfada... Não que seja errado orar assim, mas penso que não é uma oração de qualidade, pois estou sujeito a muitas distrações e quem sabe os efeitos em mim não sejam alcançados.

Uma coisa que tenho aprendido sobre oração pessoal nesses dias é que, quanto mais você ora, mais você quer ficar na presença de Deus, a ponto de você perceber que a realização de seu pedido começa a ficar em segundo plano, pois sua dor, medo, angustia, tristeza perde a importância. O Espírito Santo começa a te mostrar que Ele está no controle de tudo e no momento certo, Ele agirá ou não.

O problema é que, como diz o Hernani Medola, um amigo meu, “nós oramos de verdade quando o bicho pega”. A oração-do-bicho-pega é geralmente rasa e desprovida de comunhão com Deus e muitas vezes me faz ficar decepcionado com Ele, simplesmente porque Ele não me atendeu na hora em que pedi. Hoje percebo claramente que, quando oro somente quando tenho necessidades urgentes, faço de Deus um médico, banqueiro ou qualquer coisa do tipo, que tem a obrigação de me atender ao meu bel-prazer. A minha oração quando pautada pelo “bicho-pega” torna-se imediatista e determinista. Começo a encarar o Deus-Amor como um deus-cruel que não atende minhas orações, e vivo a reinvidicar minha parte como filho do Rei. Enfim, torno-me mais egoísta e mesquinho, preocupado tão-somente com o meu umbigo.

Nessa peregrinação diária percebo que preciso aprender a orar mais e com qualidade, pois só deste modo tenho um pequeno vislumbre dos porquês das demoras de Deus e ao invés de murmurar e reclamar, louvo mais, espero mais, confio mais... e assim vou caminhando rumo àquilo que o Pai tem preparado para mim.

Tenho pedido a Deus para que continue me livrando da oração-do-bicho-pega e que me transforme em verdadeiro intercessor e amigo confidente Dele. Além disso, com a ajuda de Deus, tenho buscado me dedicar à comunhão e ao partir do pão.

Conto com sua oração e que assim seja!

Um comentário:

  1. Oi Marcos,

    Gostei muito do artigo, precisamos orar mais a cada dia.

    Parabéns
    Que o senhor continue te abençoando.
    abç
    Daniel leme

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