quinta-feira, 13 de maio de 2010

Encontro com Jesus


Quero falar sobre uma afirmativa no qual Jesus nos revela onde podemos encontrá-lo. Sei que, atualmente, está fora de moda falar sobre os assuntos relacionados ao Evangelho, a Boa Nova, ao Reino de Deus, mas essa necessidade em mim é maior do que qualquer convenção pseudo-social-cristã.

Como trabalho no centro velho de São Paulo, mais precisamente próximo ao Parque da Luz, costumo ver, em meu dia-a-dia, aquilo que muitos de nós faz de tudo para evitar: a degradação do ser humano. É incrível como insistimos em não encarar essa dura realidade, conquistada por séculos que ganância, desprezo e insensatez. Vez ou outra, decido dar uma volta durante o horário de almoço e constato essa realidade paralela, pessoas abandonadas, sujas, maltrapilhas, sem esperanças. No Parque da Luz, é comum ver mulheres vendendo seus corpos em plena luz do dia. Em alguns bancos, sentados e cabisbaixos, podemos ver pais de família desempregados, talvez pensando em como farão para levar comida aos filhos. Se eu tivesse um pouco mais de coragem dava para dar uma esticadinha até a Cracolândia, onde com certeza veria pessoas sendo consumidas pelo vício, vidas sendo interrompidas. Quem sabe, se eu encontrasse um posto do SUS, veria pessoas vitimadas, sem assistência e muito menos, sem cura.

Olho para dentro de mim e, constato minha repulsa em encarar essas situações, assim como o Levita e o Doutor da Lei na parábola do Bom Samaritano, muitas vezes passo por essas pessoas pelo outro lado da rua, pois quase nunca tenho dinheiro na carteira (nem mesmo os R$ 10,00 do bandido, como diria minha esposa), ou uma palavra de consolo ou quem sabe por nojo ou medo mesmo, sei lá.

Muitas vezes, em nossa espiritualidade rasa, clamamos ao Pai um direcionamento, um relacionamento mais íntimo com seu Filho, esquecendo-nos de que o próprio Jesus nos deu o caminho exato para quem quer se encontrar com ele. Como que cegos e surdos, insistimos em percorrer por outras veredas, ora desenvolvendo cursos sobre espiritualidade, ora nos acomodando em nossas quatro paredes sagradas, ora fingindo sermos superespirituais.

Penso que a Boa Nova de Jesus caiu em desuso pelo fato de nos expor demais ou, quem sabe, por colocar diante de nós o mundo que nós mesmos fabricamos e, ainda por cima, muitas vezes, temos a cara de pau de dizer: “por que será que Deus permite tantas tragédias?”.

Pois bem, se queremos verdadeiramente ter encontros diários com Jesus devemos nos atentar ao que nos ensina Mateus 25, 34-40, veja: “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”

Estranhamente Jesus quer ser encontrado naqueles que estão à margem da sociedade, e que fazemos de tudo para evitá-los. Quem sabe Jesus tenha deixado nessas pessoas sua essência, que precisa ser garimpada no amor, na esperança de um mundo melhor e na fé que não esmorece diante da vida árdua.

Talvez Jesus nos deixou esse mandamento para que pudéssemos perceber, assim como ele fez em sua vida terrena, que temos muito a aprender com essas pessoas, pois elas estão destituídas de seus egos,vontades, sonhos, orgulhos e, por esses mesmos motivos, são mais sinceros e verdadeiros em seus relacionamentos, sejam eles com Deus ou com os outros. Não é de se espantar que Jesus, o Deus-Filho, gastasse a maior parte de seu tempo com esses pequeninos.

Para quem já vivenciou encontros com esses pequeninos sabe do que estou falando. Deus usa essas pessoas para ministrar em nossas vidas, sem que elas digam um versículo bíblico sequer! Elas vivem a providência de Deus na prática, em suas peregrinações sem rumo, sem esperança, sem sonhos. Vamos até eles com o objetivo de levar uma palavra de consolo ou até mesmo um alimento e voltamos de lá, moídos pela Misericórdia Divina.

Se você quer ter um encontro real com Jesus, aprimore-se em viver com essas pessoas. Ser discípulo de Cristo é muito mais do que participar semanalmente de um culto dominical ou de um show de uma banda gospel ou viajar em um cruzeiro evangelístico! Ser discípulo do Deus-Conosoco é estar com aqueles que o próprio Jesus disse ser ele próprio. O desafio é esse, a revolução que Jesus começou, o chamado Reino de Deus, é isso! Romper com o ciclo perverso da maldade humana, com o pecado da ganância, do poder, da mesquinharia e oferecer ao mundo o reino de amor, de solidariedade, de esperança, de salvação, de jusiça, de fé...

O Pai disse ao profeta Joel (Jl 2.28-32) que, quando derramasse seu Espírito (e Ele já fez isso), nós, filhos e filhas, nos tornaríamos profetas, nós jovens, teríamos visões, prodígios e sinais seriam vistos no céu e na terra. Tenho orado ao Senhor para que faça com que o Espírito que habita dentro de nós entre em ebulição e nos inquiete a tal ponto que, jovens profetas dessa geração se levantem contra toda injustiça, com palavras de exortação, que a gente veja um futuro melhor, com mais pessoas sendo amadas e salvas, que os únicos prodígios vistos pelos que não crêem seja a forma como amamos os pequeninos, que o único sinal que vejam seja o amor que teremos uns para com os outros.

Se praticássemos as coisas que sabemos, o mundo teria motivos para nos achar relevantes e, quem sabe, até Deus se tornaria mais relevantes para eles. Então as pessoas, de fato, poderiam nos chamar de cristãos, pequenos cristos. Eles veriam que há um Deus imenso e cheio de um terno amor, querendo abraçar a todos, disposto a fazer qualquer coisa por cada ser vivente. Mas, o que o mundo vê em nós? O que os nossos colegas de trabalho ou de escola pensam da gente? Estamos exalando o perfume suave de Cristo? Verdadeiramente, tenho medo das respostas a essas perguntas...

Como diz Paulo, um dia, todos os entretenimentos gospels vão passar, e só vão permancer três coisas: a fé, a esperança e o amor, sendo que o maior deles é o amor! (2Co 13.13). Por este motivo, tenho pedido ao Pai que quebrante o meu coração diariamente e me faça enxergar em cada um desses pequeninos o Senhor Jesus, não por medo de ir ao inferno, porque creio que já sou salvo, mas porque cada um deles é um maravilhoso e lindo Jesus! E mesmo que não o fosse, pois são pessoas e, por isso mesmo, também precisam ser amadas e honradas, apesar de suas escolhas, apesar de sua história, apesar de minhas escolhas, apesar de minha história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário