terça-feira, 21 de setembro de 2010

Fim do blog Jovem Peregrino

Amigos leitores,

Infelizmente, após 1 ano e 3 meses, chega ao fim o blog Jovem Peregrino.

Felizmente (pelo menos para mim...rsrs), as minha ideias e reflexões continuarão a serem postadas em meu novo blog (MMNonato).

Espero continuar contando com sua visita!

Marcos M. Nonato

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Hipermodernidade

Hipermodernidade é o termo usado para denominar a realidade contemporânea, caracterizada pela cultura do excesso, do acréscimo sempre quantitativo de bens materiais, de coisas consumíveis e descartáveis. Dentro desse contexto, todas as interações humanas, marcadas pela doença crônica da falta de tempo disponível e da ausência de autêntica integração existencial, se tornam intensas e urgentes. O movimento da vida passa a ser uma efervescência constante e as mudanças a ocorrer em ritmo quase esquizofrênico, determinando os valores fugidios de uma ordem temporal marcada pela efemeridade. Como tentativas de acompanhar essa velocidade vertiginosa que marca o processo de constituição da sociedade hipermoderna, surge a flexibilidade do mundo do trabalho e a fluidez das relações interpessoais. O indivíduo da “cultura” tecnicista vivencia uma situação paradoxal: ao mesmo tempo em que lhe são ofertados continuamente os recursos para que possa gozar efetivamente as dádivas materiais da vida, ocorre, no entanto, a impossibilidade de se desfrutar plenamente desses recursos.

Renato Nunes Bittencourt. Consumo para o vazio existencial.
In: Filosofia, ano V, n. 48, p. 46-8 (com adaptações).

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Sal, luz e cruz


Acho curioso como nosso Deus faz questão de nos envolver em seus desígnios aqui na terra, mesmo sabendo de nossa incapacidade. Penso que Deus quer mesmo é se utilizar de nossas fraquezas para realizar o bem nesse mundo, pois somente nesses momentos é que deixamos Ele agir. Deus faz questão de trabalhar com os fracos, os falidos e os menos importantes justamente para confundir os fortes.

Jesus diz, nos versos 13 e 14 do capítulo 5 de Mateus, que somos o sal da terra e a luz do mundo. Perceba que, atualmente, esses dois elementos (sal e luz) são tão comuns em nosso dia-a-dia que nem os notamos. Sentimos suas faltas, por exemplo, quando por descuido de alguém, o arroz fica sem sal ou quando a companhia de energia não evita um blecaute.

Para quem vive nas grandes metrópoles, a luz e o sal, deixaram de ser algo de destaque. Penso que o mesmo ocorreu com o sabor que deveríamos dar para toda a terra e com as nossas obras que deveriam iluminar o mundo.

As instituições cristãs passaram a ser lugar de irrelevância, de superficialidades e se tornaram, na melhor das hipóteses, casas de show. A emoção dita a unção. As curas teatrais, as vitórias financeiras e as chuvas de bênçãos são as coisas que importam.

O sal foi jogado fora, perdeu o sabor e agora está sendo pisado por homens de terno ou batina, interessados tão-somente no lucro. A luz está debaixo da vasilha e as pessoas sendo guiadas por caminhos escuros e mal-iluminados.

Felizmente, o que Jesus disse não perdeu o seu valor. Apesar das dificuldades, podemos ver os verdadeiros servos sendo sal e luz. Mas como tudo parece ser sal e tudo parece ser luz nem notamos a diferença. No entanto, eles estão por aí.

Na maioria do tempo sou sem sabor e sem obras. Parte disso se deve a minha resistência em confiar que Deus está no controle. Tenho medo de sofrer, de ter que carregar a minha cruz.

O cristianismo que percebo nos evangelhos não tem nada do triunfalismo pregado pelos evangélicos, muito menos está relacionado com o “pseudo-pietismo” do catolicismo. Vejo que, aquele que serve a Cristo inevitavelmente sofrerá, pois Jesus disse que teríamos muitas aflições. A proposta de Jesus é que não seríamos poupados das intempéries da vida, das desilusões, das angustias, da morte e da dor. Entretanto, ele também disse que, mesmo em meio a tudo isso, seríamos felizes, teríamos sabor, iluminaríamos vidas.

Creio que só podemos ser fonte de sabor para vidas desgostosas e tristes, se de algum modo passarmos pelos mesmos dissabores, pelas mesmas tristezas. Quem conhece alguém que tenha problemas com drogas, sabe que é quase impossível uma pessoa que nunca tenha vencido esse problema, ou seja, que também tenha sido um viciado e depois se recuperado, possa aconselhar alguém e obter bons resultados, por exemplo.

Da mesma forma com relação às obras. Uma obra só é realizada se houver uma necessidade ou um problema. Como então, poderemos realizar boas obras se não nos envolvemos nem nos nossos próprios problemas. Na maioria das vezes, fugimos de nossos problemas. Queremos que Jesus os tire de nossa frente o quanto antes, nem estamos dispostos a participar da solução, queremos que o problema suma magicamente.

Talvez seja por isso que Deus faça tanta questão de participarmos de sua obra. Ele quer se utilizar de nossa experiência de vida para influenciar a outros. Penso que, para sermos tudo o que Jesus disse que seríamos, temos que carregar a nossa cruz. Sem a cruz não somos de Cristo, somos qualquer outra coisa, menos verdadeiros seguidores de Jesus.

Precisamos encarar nossas dificuldades de forma mais corajosa, crendo que Jesus estará ao nosso lado, nos ajudando a resolver. Fingir que a depressão, o vício de um familiar, o consumismo, o mendigo, a doença não existem, não resolve o problema, muito menos achar que Jesus vai solucionar magicamente todos eles. Deus quer que nos aperfeiçoemos na dor, no cadinho da humilhação, pois Ele não quer bebês-chorões convivendo para sempre ao seu lado. Sofrer é inerente ao ser humano, sofrer é inerente ao cristão. Perceba que não estou fazendo apologia ao sofrimento, ou seja, que você deva buscar o sofrimento, não é isso. Estou dizendo que devemos aceitar o sofrimento de forma madura e adulta e não como crianças melindradas.

Nossa peregrinação nesse mundo tem, como uma de suas principais funções, a nossa lapidação enquanto seres humanos, por meio de caminhos e descaminhos, verões e invernos, alegrias e tristezas, vida e morte. Ser cristão é ser humano.

Enfim, seremos o sal da terra e a luz do mundo quando aceitarmos que temos que carregar nossas cruzes e aprendermos o significado do que é chorar com os que choram e rir com os que riem.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Minha porção (Peter Quintino)

Senhor, és tudo para mim
Maior do que as riquezas deste mundo
És meu Deus, És tudo o que tenho
Deus fiel
Não quero Te adorar pelo que fazes
Mas quero Te adorar pelo que És
Ainda que nada eu tenha
Eu tenho a Ti

Eu não preciso de riquezas para Te adorar
Eu não preciso de promessas para ser fiel
Eu só preciso de Tua presença
Tua graça basta em mim
Tu és minha porção
E a minha herança, Jesus

Ministério Ipiranga

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Igreja emergente


Parece que, insistentemente, a mensagem do evangelho vai perdendo valor de uma geração para outra e, de vez em quando, surgem movimentos eclesiásticos objetivando um reavivamento da fé cristã. Em nosso tempo ainda percebe-se algum movimento daqueles que são adeptos da Missão Integral, outros estão descambando para o Teísmo Aberto, Teologia Relacional, Igreja nos Lares e demais formas controversas, todas com o intuito de combater a chamada teologia da prosperidade. Dentre esses movimentos “combatentes” existe o da igreja emergente.

Por falta de uma liderança especifica e até mesmo por ser um movimento sem pretensões grandiosas, no sentido de não querer convencer a todos os cristãos que a igreja emergente está mais certa que os demais movimentos, falta um conceito claro do que seja isso. Mas alguns membros desse movimento arriscam algumas definições, como, por exemplo, essa do Pr. Sandro Baggio do Projeto 242:

“A Igreja Emergente (ou Emergindo) nada mais é do que uma conversa honesta sobre os desafios e oportunidades de viver e comunicar a mensagem cristã no mundo cada vez mais pós-moderno. O diferencial da Igreja Emergente é sua abertura para lidar com as perguntas difíceis sobre o ser cristão no mundo pós-moderno. Perguntas estas que vão desde a prática cristã até a prática eclesiástica e missionária. Afinal de contas, o que é ser cristão? O que é ser igreja? O que significa fazer parte da missão de Deus no mundo hoje? De certo modo, a igreja tem sempre pensado essas coisas a partir de suas tradições eclesiásticas que definem, de muitas maneiras, sua cristologia e missiologia. A Igreja Emergente faz uma tentativa de recuar um pouco e repensar essas questões seguindo uma ordem mais ou menos inversa: uma cristologia que nos impulsione à missiologia, que por sua vez leve à eclesiologia. Em outras palavras, primeiro eu preciso entender Jesus, Verbo Encarnado, e me comprometer com Seu Caminho (proposta prática de vida que Ele apresentou) , abraçando Sua Missão no mundo de hoje e seguindo a jornada com outros seguidores na comunhão da Sua Igreja.”

Como exemplo de pessoas engajadas na igreja emergente podemos citar o Mark Driskoll da Mars Hill Church (www.marshillchurch.org), o pessoal da Vineyard (www.proibidopessoasperfeitas.com) e o Projeto 242 (www.projeto242.com) em nossa capital. Tive a oportunidade de visitar o Projeto 242 e notei o esforço daquela igreja em tentar se diferenciar do mar de denominações evangélicas existentes. Na maioria das vezes, os membros das igrejas emergentes, a despeito de seus estilos comportamentais (cabelo comprido, tatuagens etc.), são mais ortodoxos do que muita igreja por ai. Apesar de não haver diferença na ordem do culto, notei que há uma preocupação com a pintura, uma das artes mais negligenciadas pelos evangélicos, devido ao medo de ferir o velho mandamento… A disposição das cadeiras também é diferente, pois as pessoas sentam-se em grupinhos ao redor de mesinhas como se fosse num bar, forçando as pessoas a olharem umas para as outras. Existem velas decorativas espalhadas em alguns cantos, uma decoração moderna, mas ao mesmo tempo tudo muito simples, tem até sofás para que os membros possam se acomodar durante o culto e etc…

Penso que toda tentativa de destruir a excessiva institucionalização e personalização de ministérios dos super-crentes deve ser analisada e, até certo ponto, incentivada, desde que não gere novos monstrinhos (rsrs). Gosto de estudar esses movimentos alternativos e tentar tirar algum proveito, pois podemos com base em idéias interessantes tornar nossa igreja mais informal e humana, focando nossos esforços naquilo que realmente importa: o amor.

Acredito que, apesar dos erros que esses movimentos possam cometer, eles possuem algum mérito, ou seja, pelo menos estão fazendo alguma coisa para mudar a situação vigente. Olhando para a igreja emergente, em seu esforço homérico, percebo que são pessoas como eles que mantém a chama acesa, mesmo que daqui a alguns anos não existam mais, ou quem sabe, se tornem os novos poderosos e percam o “fio da miada”. O fato é que a igreja cristã precisa ser mais relevante, mais interessante e propagar o evangelho acreditando que trata-se de uma boa nova e não como uma mera representação sem graça e enfadonha de algo desinteressante e triste.

Por esse motivo continuo estudando e sugiro que você conheça novas formas de viver o evangelho e perceba quão insondáveis são os pensamentos do nosso Deus e o louve, e o sirva e o ame!

Fiquem na paz que excede todo entendimento!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Proibido pessoas perfeitas


Gosto muito do slogam da Vineyard Capital que diz: “proibido pessoas perfeitas”, pois, em minha opinião, reflete exatamente a proposta original de Jesus para sua igreja. No entanto, sabemos que não é a realidade na maioria das igrejas e creio que nem mesmo na Vineyard. Quando me refiro a pessoas perfeitas não estou pensando apenas em pessoas santas, corretíssimas, cumpridoras das leis, etc. Estou pensando também no aspecto físico e biológico das pessoas, ou seja, estou falando das pessoas portadoras de deficiência (PPDs).

Outro dia, voltando do trabalho para casa, tive a oportunidade de vislumbrar três crianças surdas-mudas batendo o maior papo no metrô. Era uma confusão de gestos e carinhas felizes e descontraídas, como não poderia deixar de ser. Fiquei imaginando a “barulheira” que estavam fazendo e isso me levou a refletir sobre a presença dos PPDs em nossas igrejas.

Segundo dados do Censo Demográfico de 2000, que em breve será atualizado, cerca de 14,5% da população brasileira são PPDs, que significa 24,5 milhões de pessoas. Em São Paulo, que é um dos cinco estados que possuem as menores taxas de pessoas com deficiência, esse índice é de 11,35%. Nosso estado possui cerca de 40 milhões de pessoas e a capital cerca de 11 milhões, se aplicarmos esse índice em nosso estado teremos algo em torno de 4,5 milhões e na capital 1,25 milhão de PPDs.

Diante desses números, questiono: será que em nossas igrejas existe essa mesma proporção? Infelizmente creio que não. Só para termos uma idéia, na IBG, que segundo fontes informais possui cerca de 400 pessoas, teríamos que ter no rol de membros cerca de 45 pessoas com deficiência!

Jesus, em seu tempo, vivia no meio de PPDs, tanto é verdade que boa parte de seus milagres estão relacionados a essas pessoas. Então, por que hoje em dia temos tanta dificuldade de atrair essas pessoas ou pelo menos estar próximas a elas? Será que o governo terá que fazer uma lei semelhante à que foi imposta às empresas para as denominações cristãs, de modo que tenhamos essa proporcionalidade?

Por que será que existem tão poucos (se é que existem) pastores, apóstolos, bispos, patriarcas (esse é o novo título da moda gospel) e ministros de música PPDs?

Será que o problema está na acessibilidade de nossas igrejas? Ou quem sabe na falta de veículos para transporte dessas pessoas? Ou será a falta de servos capacitados para atendê-los?

Será que a igreja não acredita na salvação dos PPDs? Ou será que o pensamento vigente é que o alto custo de se investir nessas almas não vale a pena, pois possui um baixo retorno($)?

Penso que nós, “pessoas ditas normais”, dificultamos a entrada de gentes que não possuam o nosso padrão de aparência, perfeição etc. Temos dificuldade de aceitar o diferente, o não ortodoxo. Por exemplo, basta que entre em nosso culto alguém com algumas tatuagens para que se comente algo veladamente.

Na maioria das vezes, em decorrência desse nosso modo de viver o evangelho, acabamos afastando muitas pessoas de nossas comunidades. Certa vez, ao convidar uma pessoa para ir à igreja, tive que responder à pergunta: “eu posso ir de camisa vermelha?”. Imagine você se essa mesma pessoa vive cometendo aqueles “pecadões”, ela deve se achar a pessoa mais indigna de freqüentar o lugar dos certinhos. Conheço pessoas que acreditam piamente que para ir para a igreja a pessoa deve ser perfeita, santa e irrepreensível! E sempre que me defronto com pessoas que pensam assim, enfatizo (e até exagero mesmo) que a igreja é o lugar dos “ex-alguma-coisa”, de gente podre, mentirosa, pecadora, briguenta etc. Falo que a única coisa que nos diferencia é que cremos num Deus perfeito, que nos salvou de uma vez por todas e que é capaz de nos ajudar em nossa imperfeição.

Para concluir, acredito que os PPDs e outras minorias não freqüentam nossas igrejas em decorrência de nossa inabilidade de enxergá-los e amá-los, ao contrário do exemplo de Jesus. Simplesmente estamos refletindo o descaso milenar que as sociedades “civilizadas” sempre fizeram às pessoas portadoras de deficiência.

Sonho com o dia em que toda e qualquer igreja cristã tenha como um de seus valores a proibição de pessoas perfeitas e, quem sabe, um dia possamos ver e ouvir um pastor sentado em sua cadeira de rodas pregando sobre a cura do paralítico, sem constrangimento ou pudor.